jueves, 6 de agosto de 2015

Kali





 A Deusa Kali rainha da morte e o renascimento.


Kali: a mulher mais poderosa do universo 
Prof. P.C. Jain and Dr Daljeet
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     Kali personifica os três aspectos do ato cósmico, que se revelam na criação, na preservação e na aniquilação. Ela é a divindade mais misteriosa de todas as ordens religiosas indianas – no Budismo, no Jainismo, entre os seguidores de Vishnu ou Shiva, ou qualquer outra. Ela faz gestos que asseguram a ausência de medo (abhaya) e benevolência (varada), definindo perpetuamente sua disposição mental mais profunda. Porém, em contraste, a aparência da Deusa inspira sentimentos de espanto e terror, espalhando a morte com a espada nua que carrega em uma de suas mãos e se alimentando com o sangue que jorra dos corpos que mata. Os instrumentos de destruição, para ela, são meios de preservação. Seu caminho de passagem para a vida é através da moradia que Ela escolheu – o terreno de cremação, iluminado por piras queimando e cheio dos ecos de gritos dos chacais e dos fantasmas, que pairam sobre cadáveres desmembrados.

A Deusa mais sagrada, Kali, partilha sua moradia com terríveis monstros que comem carne humana (pishachas) e é representada montada sobre um cadáver. Ela ama Shiva, mas só se une com o seu cadáver (shava), seu corpo passivo e morto, sendo ela própria o agente ativo. Ela se alegra com a destruição e ri, mas apenas para fazer com que os quatro cantos da Terra e do Céu tremam de terror. Sendo uma mulher, Kali gosta de se enfeitar, mas seus ornamentos são uma guirlanda ou um colar de cabeças humanas decepadas, um cinto com braços humanos cortados, brincos com cadáveres de crianças, braceletes de serpentes – tudo com aparência horrível e lamentável. A essência de Kali é essa fusão de contradições, um misticismo com o qual nenhuma outra divindade foi dotada. Vashishtha Ganapati Muni disse corretamente sobre ela:
"Tudo aqui é um mistério de contrários, trevas, uma luz mágica que oculta a si própria, sofrimento, uma máscara secreta do êxtase trágico, e morte, um instrumento de vida perpétua."

Apesar da aparência de malvada, Kali mostra o lado escuro da mulher ou do transgênero e a verdadeira força feminina. 

O que define Kali e também o cosmos que Ela manifesta, é a fusão de contrários – não apenas como duas coisas que existem juntas, mas como dois aspectos essênciais da unidade. Do útero, que é mais escuro do que os recessos mais pro-fundos do oceano, onde nenhum raio de luz jamais chega, surge a vida. Da mesma forma, das trevas nasce a luz brilhante, e quanto mais profunda a escuridão, mais brilhante essa luz. Uma realização que contrasta com o sofrimento, pois a alegria é a face brilhante do sofrimento – o filho que nasce dela, por contraste. A árvore nasce quando a semente explode e sua forma é destruída, isto é, a vida é o renascimento da morte, e sua forma, toda sua beleza e vigor, é a deformação incarnada. A unidade interrelacionada dos contrários define ambos, cosmos e Kali. A Deusa de tonalidade escura, que representa nela própria as trevas, o sofrimento, a morte, a deformação e a feiúra, é a fonte mais poderosa de vida, luz, alegria e beleza – o aspecto positivo da criação. Ela destrói para recriar, produz sofrimento para que a alegria se revele melhor, e em sua forma assustadora deve-se ultrapassar todos os medos, não escapando deles, mas aceitando-os como bem-vindos. 
    
 Invocar e associar-se ao terrível – o aspecto negativo da criação – afastando assim os males e sua influência, é um culto primitivo que ainda permanece em vários grupos étnicos e mesmo nas tradições clássicas como o Budismo, que tem muitas divindades que inspiram terror, como Kali, ou na tradição grega de Nemeses, as mulheres cheias de ira que infligiam castigos pelos erros e realizavam a purificação através de um azar vingativo. Mesmo sem ter a amplitude cósmica de Kali, nem atingindo objetivos tão amplos quanto o comando dos elementos cósmicos, há temas como o dragão chinês, ou o memento mori, na forma de um esqueleto considerado muito auspicioso por alguns setores da sociedade russa, ou a semurga do mundo islâmico, formas animais grotestas e temíveis, máscaras de fantasmas... veneradas em todo o mundo, todas revelam a busca humana para se tornar benéfica ou mais branda a influência de algum aspecto terrível da natureza – do cosmos manifesto
Imagens ©Juliaro (todos os direitos reservados)
Fonte Prof. P.C. Jain and Dr Daljeet  
+ info 
http://www.shri-yoga-devi.org/Kali/Kali1.html
http://www.shri-yoga-devi.org/Kali/Kali2.html

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